Entrevista Leonardo Augusto - Nak Muay Cup
Léo obrigado por ceder um pouco do seu tempo para a matéria.
01) Quando começou seu envolvimento com o Muay Thai?
Não faz tanto tempo assim que sou praticante de Muay Thai, colocando ai por cima, uns 6 anos, mas de treino realmente gira em torno de uns 4 por que tenho uma contusão séria no ombro e que me impossibilidade de me dedicar mais.
Eu era praticante de jiu jitsu antes e não entendia muito bem o que era o Muay Thai, quando me mudei para a Praia Grande, eu vi em uma academia uma placa escrito Muay Thai e fui pesquisar para saber o que era, me interessei e fui pegando gosto, lembro que na época estava desempregado e era novo na cidade, ia a pé para o treino isso levava em torno de umas 2 horas.
02) Quando e porquê surgiu a ideia de um evento como o Nak Muay Cup?
A ideia surgiu na verdade mesmo meio que do nada, sem direcionamento e buscando referências na internet, por que eu mesmo não tenho a mínima experiência em organizar nada, nem meu guarda roupas é organizado. Eu comecei a trabalhar isso primeiro internamente imaginando como poderia ou não ser, na verdade surgiu como um sonho pessoal, eu comecei sozinho, não tive apoio nenhum de ninguém, comecei criando um nome, uma identidade visual, na época que comecei, eu fazia faculdade, ai pegava vários livros de marketing esportivo na biblioteca e buscava informações de como montar projetos e tal, desde o inicio a ideia era ser um evento que buscasse ser profissional, sem o “coleguismo” que temos por ai. Então busquei adquirir um pouco de conhecimento nessa área de conhecer o marketing esportivo e as ferramentas e maneiras de gerir um projeto desses.
Depois de um tempo conheci a Stephanie (hoje minha esposa), que começou a me ajudar mesmo que no escuro fomos só nós 2 batendo cabeça indo de porta em porta buscando patrocínio, e tudo mais, e eu focado na parte de divulgação, estudando um pouco mais de criação de projetos captação, parcerias e tudo mais e assim a gente foi indo aos poucos, foi um processo muito estressante pelo fato de não termos nenhuma influencia em nada, por sermos pessoas “comuns” buscando fazer um evento que desde o inicio nosso foco foi a preservação do atleta seja ele profissional ou amador.
Depois de um tempo conheci a Stephanie (hoje minha esposa), que começou a me ajudar mesmo que no escuro fomos só nós 2 batendo cabeça indo de porta em porta buscando patrocínio, e tudo mais, e eu focado na parte de divulgação, estudando um pouco mais de criação de projetos captação, parcerias e tudo mais e assim a gente foi indo aos poucos, foi um processo muito estressante pelo fato de não termos nenhuma influencia em nada, por sermos pessoas “comuns” buscando fazer um evento que desde o inicio nosso foco foi a preservação do atleta seja ele profissional ou amador.
03) Pode nos contar um pouco das dificuldades para realizar esse evento?
Uma das maiores dificuldades sem dúvidas foi à captação de investidores, fizemos uma lista de potenciais patrocinadores, montamos projetos, enviamos dados significativos para analise e muitos nem se quer responderam nosso email, empresas grandes do ramo esportivo nem ao menos nos mandaram um “agora não” acho que isso é o que mais desmotiva e vê que o esporte no Brasil é mais uma fachada do que um plano real de investimento.
Fizemos um balanço “pós evento” e na nossa lista fácil passa umas 50 empresas que enviamos propostas nesse tempo que foi mais ou menos uns 4 meses de captação, dessas 50 apenas 8 responderam mesmo que negativamente deram algum retorno para nós, isso sem dúvidas mostra o tamanho do amadorismo que é o Muay Thai ainda no Brasil e não só por parte do esporte em si, mais por quem está ganhando dinheiro em cima do esporte e não investindo se quer 1 real seja em um atleta, uma academia ajudando algum brasileiro a se manter na Tailândia não fazem realmente nada, apenas “mamam” no Muay Thai.
Um das maiores dificuldades também, além de não contar com profissionalismo de boa parte das empresas, também é uma grande dificuldade ter uma responsabilidade da parte de atletas e equipes e digo isso não só pelo NAK MUAY CUP mas na maioria dos eventos. A todo o momento o tratamento que tivemos com as equipes foi altamente profissional, posicionando de todos os pontos pertinentes do evento e mesmo assim não obtivemos o retorno sério desejado. Talvez falte mais essa ideia de trabalho para as equipes e saia um pouco dessa cabeça de ser apenas um brincadeira. Atletas do Muay Thai precisam se ver como profissionais, ter postura de profissional, saber cuidar da imagem, terem responsabilidades de profissionais (independente se ainda são amadores) para que então uma empresa veja um meio lucrativo de investimento naquele atleta e isso vale para as equipes e lideres. Tem que ter a noção que treino não é apenas para sair com a vitória de mais luta, mas também para ser um atleta que atrai o publico, que gera interesse de investidores, atleta com diferencial e isso é responsabilidade total da dedicação e seriedade de cada um.
Uma grande maioria diz que nunca teremos o “muay thai de verdade aqui” e de fato, isso é uma afirmação competente, por que se formos olhar como um todo nunca realmente teremos, começando pelo lado profissional, ou seja, lá Muay Thai é dinheiro tudo é dinheiro você pode fazer uma luta no sul pra 20 pessoas você vai ganhar pra isso por isso e por outras coisas o Muay Thai lá (Tailandia) sempre vai ser diferente.
O que realmente atrapalha um pouco é a cabeça de amadorismo que ainda existe no Muay Thai no Brasil, aquela gana de investir de maneira séria, de pagar bem atletas e incentivar os amadores que serão os futuros profissionais é uma maneira de se trabalhar legal isso.
E talvez a maior dificuldade e “olhos tortos” que tivemos foi que como não tivemos investimentos necessários, criamos o BOLSA INCENTIVO no qual o atleta teria uma quantia de 10 ingressos e venderia a 20 reais e todo o valor da venda é destinado ao atleta amador ou seja 200 reais, isso com certeza foi algo que incomodou muita gente por que muitos eventos cobram absurdos por inscrições de atletas que as vezes nem tem condições de se locomover para o evento. A ideia inicial do evento era fazer menos lutas e se conseguíssemos cobrir o orçamento inicial do evento, essa bolsa de 200 reais seria pago em dinheiro para o atleta amador.
04) Você teve a colaboração na parte da arbitragem da AMTI, pode falar um pouco sobre isso?
A A.M.T.I é talvez a organização de arbitragem mais concreta no pais hoje, ela é uma realidade que cresce a cada dia, nossa relação foi extremamente profissional, pagamos e contratamos o serviço de chancela, arbitragem e ringue.
Foi uma parceria muito bem sucedida, onde eles fizeram um excelente trabalho.
05) Um dos pontos bem comentados do evento foram as boas escolhas para casar as lutas, como se deu esse processo?
Isso para nós sem dúvidas foi uma das maiores preocupações, por isso decidimos também investir seriamente, por isso, contatamos a Fight Management que é Coordenada pelo Fabaum Damásio e foi quem cuidou de todo o tratamento com os atletas, nos optamos por uma empresa que trabalhasse e entendesse do assunto e tivesse uma gama de atletas no qual poderiam ser trabalhados. Foi realmente uma parceria muito produtiva e que também foi executada com extrema competência.
Acreditamos que isso foi um passo importante por que todos foram tratados como profissionais, independente se é amador ou profissional o tratamento foi igual e isso mais nos surpreendeu com o trabalho realizado pela Fight Management eles assumiram essa parte de maneira muito boa do começo ao fim, desde o inicio das contratações dos atletas até o final, foi realmente um ponto muito positivo acredito que para todos, nós do evento para a Fight Management e para o público.
06) Sabemos que existem os “donos” do Esporte no Brasil, você recebeu alguma reclamação sobre o evento?
Isso talvez seja um assunto delicado e que a maioria se omite a dizer e aceitar isso, o Muay Thai no Brasil é essa zona, por que acredito não tem um órgão padrão que trabalhe para realmente colocar as coisas no lugar, mas não de maneira que as lhe convem, mas sim da maneira que realmente é.
O que acontece é uma guerra de egos sem fim, as pessoas buscam mais se auto promover do que realmente promover o esporte, na verdade isso é consequência, se você fizer um trabalho honesto irão te reconhecer pelo que faz e não pelo que você joga para que saibam quem é ou deixa de ser.
Reclamações recebemos por outras coisas que realmente foram falhas nossas até mesmo pela imaturidade de nunca ter feito nada, criticas sempre vão ter, até mesmo dos que fingem ajudar e isso é só tirar de letra, dar um sorriso e fingir que não sabe de nada é a melhor coisa a se fazer.
E eu acho engraçado essa galera que só reclama e reclama por que a maioria não tem a coragem de tirar a bunda da cadeira e fazer algo, ficar ali no facebook ou só criticando é bem fácil mas dar a cara a tapa, poucos fazem, isso é que temos que levar em consideração criticas e reclamações, são boas quando ditas por pessoas que realmente sabem o que estão falando, agora quando é do “Arjan” do youtube é melhor desconsiderar.
E eu acho engraçado essa galera que só reclama e reclama por que a maioria não tem a coragem de tirar a bunda da cadeira e fazer algo, ficar ali no facebook ou só criticando é bem fácil mas dar a cara a tapa, poucos fazem, isso é que temos que levar em consideração criticas e reclamações, são boas quando ditas por pessoas que realmente sabem o que estão falando, agora quando é do “Arjan” do youtube é melhor desconsiderar.
07) Teremos um Nak Muay Cup II ? E continuações? Uma possível disputa de cinturão?
Com certeza, vamos continuar batalhando para isso, nossa intenção é que o evento entre para o calendário da cidade, dessa forma receberíamos ajuda financeira da prefeitura local, assim facilitaria a realização do evento e a possibilidade de melhorias, desde a parte estrutural até a bolsa dos atletas. A nossa intenção é que aconteçam pelo menos dois por ano.
08) Quais foram os patrocinadores do evento? Como se deu o contato com eles e a recepção sobre o evento?
Recebemos apoio da Associação Edu Sangue Bom, que é uma associação esportiva criada por um vereador da cidade, esta associação oferece muay thai entre outras atividades àqueles que por vezes não tem condições de participar de academias que cobram taxas altas. O vereador em si se dedicou a nos ajudar com a parte estrutural, contribuindo com a parte médica (ambulância, médico e enfermeiros) também através da ajuda dele que conseguimos o ginásio que é da prefeitura. Recebemos apoio de empresas de ramos totalmente diversos, mas que mesmo não conhecendo muito o esporte e apostando em algo que não tinham tanto conhecimento resolveram acreditar e inovar. Foram poucas em quantidade, mas através do apoio de cada uma que conseguimos pagar os custos que são muitos, por exemplo; aluguel de ringue, bolsa dos atletas, material gráfico, camisetas, troféus, contratação da arbitragem entre outros.
As empresas foram patrocinadoras foram; Central de Carnes Boi Grande (açougue), JLS Materiais para Construção, Long Beach Administradora (Administradora de condomínios), O Galpão (Sacaria em geral para construção), Pantrigo e Saikovitch Advogados Associados (Escritorio de Advocacia) e as empresas que nos apoiaram com suprimentos e materiais foram; Muay Thai Combat (Equipamentos esportivos) Biovitta (suplemento e naturais).
E também tivemos o apoio talvez inédito do atleta Jeferson Vulpe que reside na Tailândia e nos enviou os shorts para as lutas profissionais, com certeza isso para nós foi uma grande honra um atleta que poderia estar apenas pensando “no dele” mas resolveu pensar diferente e ver que aqui no Brasil também precisamos de muito apoio.
09) Léo mais uma vez obrigado e deixo esse espaço para você caso queira falar mais alguma coisa.
Gostaria de agradecer o espaço, e parabenizar a Muay Thai em Foco pelo trabalho prestado ao Muay Thai brasileiro, com certeza um trabalho honesto que tende a crescer cada vez mais.
Também gostaria de agradecer a todos que apoiaram e apóiam o evento, aos que acreditaram nisso que entraram de cabeça, também as pessoas no qual esse tempo estive conversando, procurando aprender, pedindo auxilio.
Fabaum Damásio, Marquinhos Gibi, Roni, Cleverson (Guinho), Matheus Oliveira (soldado) Jeferson Vulpe, Juliana Rosa, André Teixeira, Léo Amendoim e Sandro de Castro e João Fernandes.
E também a uma pessoal especial que abraçou esse projeto e esteve na linha de frente literalmente e esteve indo de porta em porta atrás de patrocínio, a minha esposa Stephanie Baltazar, sem ela com certeza na disso seria possível.
E a todos, continuem acreditando nos seus sonhos, estudando e buscando compreender o Muay Thai, sabendo que por mais que você “ache” que saiba, fique tranqüilo, por que uma criança de 10 anos na Tailândia sabe muito mais do que você, então, temos que ter a cabeça aberta para aprender e saber que estamos engatinhando e o respeito é essencial para se viver bem e principalmente guardar o ego no bolso.
Obrigado a todos.
OBS: MATÉRIA RETIRADA DA REVISTA MUAY THAI EM FOCO N° 10
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