O que faz um Esporte ser profissional no Brasil? De forma objetiva; dinheiro.
O atleta deve se manter apenas com o Esporte em questão, ser pago para trabalhar nele, seja jogador de futebol, peteca ou Muaythai, mas essa simples definição cria vários problemas. Como foi reportado na edição 09, o Muaythai pode ser trabalhado em duas frentes ao mesmo tempo, o amador e o profissional, em ambas o atleta é remunerado para tal, seja salário ou bolsa atleta.
Hoje é notado que houve sim um crescimento no Esporte no Brasil, graças ou infelizmente ao MMA, a novela teen Malhação, celebridades declarando seu “amor” ao Esporte e etc. Mas o que faz um Esporte realmente crescer são eventos, possibilitar o atleta viver do Esporte, mas isso no Brasil está um pouco longe de acontecer e não está ligado a falta de atletas para competição.
Existe sim muita picaretagem e mentira no meio, o Muaythai não tem dono, mas vários insistem em dizer “Sou o único autorizado”, “Sou o único regular”, e esses mesmos entendidos não sabem a diferença entre um Muay Sok e Muay Khao. Contar até 10 em tailandês não caracteriza entender a Arte Marcial. Assim como usar a expressão japonesa “Oss”, seu professor a utiliza? Bem amigo, você não treina Muaythai.
Há eventos sérios que buscam revelar talentos como o caso do Thai Kids (Já apresentado nas páginas da MTF), entre outros que buscam estimular os mais novos a competir. Mas para entender um pouco melhor quais os desafios de se fazer um evento profissional no Brasil, fui conversar com Marcelo Tadeu Calegari - Diretor Técnico da coordenadoria de Muaythai da FEPLAM (Federação Paulista de Lutas e Artes Marciais) e Leonardo Augusto organizador do evento Nak Muay Cup.
Entrevista Marcelo Calegari - Diretor Técnico da coordenadoria de Muaythai da FEPLAM ( Federação Paulista de Lutas e Artes Marciais).
Marcelo, obrigado por ceder um pouco do seu tempo para essa matéria. Gostaria de começar a conversa perguntando sobre sua função dentro da FEPLAM, (Diretor Técnico da coordenadoria de Muaythai), poderia definir sua função?
Marcelo: Minha função é dirigir uma coordenadoria que tem como meta pré estabelecida : organizar , implementar e desenvolver a Arte Marcial do Muay Thai dentro do nosso Estado.
02) Poderia nos contar um pouco sobre a história da FEPLAM e seu trabalho com o Muaythai?
Marcelo: 2 - A Feplam é uma Federação multi disciplinar com mais de 12 anos de fundação, para cada uma das modalidades do seu quadro de atuação foi criado uma coordenadoria. A frente de cada coordenadoria está um profissional com amplo conhecimento e experiência na modalidade. Realizamos cursos, seminários, workshops e eventos, sempre na busca de melhorar as pessoas envolvidas no Muay Thai, desde os alunos , atletas e professores.
03) Para eventos de Arte Marcial, falando específico do Muaythai, existe ainda um preconceito dos possíveis patrocinadores, ou hoje prevalece a não informação do Esporte, a constante confusão com o MMA, violência e etc?
Marcelo: 3 - Não faz parte da cultura do empresário brasileiro o apoio aos esportes de combate. Porém com o apoio da mídia especializada e do trabalho de pessoas qualificadas, algumas barreiras já estão sendo rompidas.
04) Qual seria a maior dificuldade de se criar um circuito profissional de Muaythai no Estado de São Paulo, com disputa de título/cinturão? E não apenas eventos isolados.
Marcelo: O principal fator que impossibilita a criação de um circuito profissional permanente e a falta de apoio que resulta na falta de dinheiro. Estou trabalhando num projeto pessoal que conta com o apoio e network da minha amiga Marjo Couto que com certeza vai ser um ponto de partida para algo assim.
05) O X Desafio de Muaythai Profissional foi muito bem falado na redes sociais e fóruns ligados ao Esporte. levou-se quanto tempo para planeja-lo?
Marcelo: A nossa ideia era fazer deste evento a referência do nosso trabalho. Para isso começamos a debater, entre um evento e outro, a pelo menos seis meses antes de sua realização. Com 4 meses de antecedência eu já tinha no meu plano de trabalho a relação das lutas que eu gostaria de casar e suas variáveis. Comecei então os contatos. Três meses antes do evento eu já tinha as 8 lutas do card acordadas. Ficou realmente espetacular, eu mesmo não acreditava, pensava o tempo todo na reação do público quando o card fosse divulgado. Porém durante os 30 dias que antecederam o evento, dos 16 lutadores do card inicial, somente 4 permaneceram, tendo algumas lutas a troca de até 3 atletas. Foi uma epidemia de lesões. Mas mesmo assim conseguimos agradar o público e a critica.
06) O evento contou com atletas de alto nível, incluso alguns que já treinaram e lutaram na Tailândia, como Paulo Canela, Victor Hugo e Istela Nunes, além da participação de atletas de outros Estados, como foi a estruturação desse card?
Marcelo: A minha ideia foi montar um espetáculo que tivesse uma abrangência além do nosso Estado. Para isso, além dos atletas do Estado de São Paulo, trouxemos lutadores de outros Estados e também o atleta Vitor Hugo que, mora na Tailândia e veio especialmente para este evento. Outra preocupação que eu tive, foi divulgar a imagem da mulher como atleta de Muay Thai. Desta maneira escalei para o Main Event uma luta feminina internacional com a participação da atleta bi campeã mundial da Bravo Team, Istella Nunes.
07) Notamos também que a arbitragem do evento foi realizada com as regras do Muaythai “tradicional”, uso aspas pois consideramos o Muaythai único, mas alguns eventos utilizam regras de K1 e mix de regras que nada tem a ver com o Muaythai. Para o evento da FEPLAM houve participação e o consultoria para a parte de regras e arbitragem?
Marcelo: Este é um trabalho que venho tentando aprimorar com muito afinco. Hoje a Feplam já possui um rascunho do que seria um quadro de arbitragem ideal. Comigo nesse trabalho esta a competência do professor Ivam Batista que é o nosso coordenador de arbitragem e ninguém menos que o professor Sandro de Castro que é o maior conhecedor das regras de Muay Thai profissional no Brasil, que atua como nosso consultor.
08) Hoje o Brasil conta com ótimos nomes no esporte como Tainara Lisboa, Cosmo Alexandre, Jos Mendonça, Leonardo Monteiro entre outros que hoje moram na Tailândia e vivem do Muaythai, o que falta para esses atletas lutarem no Brasil?
Marcelo: Na verdade atletas como Tainara Lisboa, Leonardo Monteiro, entre outros , já lutaram eventos da Feplam. Porém se juntarmos hoje os eventos de Norte a Sul não há condição de mantermos esses atletas de alto nível.
Marcelo, mais uma vez agradeço seu tempo e deixo esse espaço caso queira falar mais alguma coisa.
Marcelo: Eu que agradeço a oportunidade de divulgar o nosso trabalho e também deixo um recado para os interessados em treinar, que procurem se informar a respeito da academia e do professor para que tenham a certeza de aprender realmente Muay Thai.
OBS: MATÉRIA RETIRADA DA REVISTA MUAY THAI EM FOCO N° 10.
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