terça-feira, 31 de janeiro de 2017

MUAY THAI PROFISSIONAL NO BRASIL: QUAIS OS DESAFIOS PARTE II

Entrevista Leonardo Augusto - Nak Muay Cup
Léo obrigado por ceder um pouco do seu tempo para a matéria.

01) Quando começou seu envolvimento com o Muay Thai?
Não faz tanto tempo assim que sou praticante de Muay Thai, colocando ai por cima, uns 6 anos, mas de treino realmente gira em torno de uns 4 por que tenho uma contusão séria no ombro e que me impossibilidade de me dedicar mais.
Eu era praticante de jiu jitsu antes e não entendia muito bem o que era o Muay Thai, quando me mudei para a Praia Grande, eu vi em uma academia uma placa escrito  Muay  Thai  e  fui  pesquisar  para  saber  o  que era, me interessei e fui pegando gosto, lembro que na época estava desempregado e era novo na cidade, ia a pé para o treino isso levava em torno de umas 2 horas. 

02) Quando e porquê surgiu a ideia de um evento como o Nak Muay Cup?
A ideia surgiu na verdade mesmo meio que do nada, sem direcionamento e buscando referências na internet, por que eu mesmo não tenho a mínima experiência em organizar nada, nem meu guarda roupas é organizado. Eu comecei a trabalhar isso primeiro internamente imaginando como poderia ou não ser, na verdade surgiu como um sonho pessoal, eu comecei sozinho, não tive apoio nenhum de ninguém, comecei criando um nome, uma identidade visual, na época que comecei, eu fazia faculdade, ai pegava vários livros de marketing esportivo na biblioteca e buscava informações de como montar projetos e tal, desde o inicio a ideia era ser um evento que buscasse ser  profissional,  sem  o  “coleguismo”  que  temos  por ai. Então busquei adquirir um pouco de conhecimento nessa área de conhecer o marketing esportivo e as ferramentas e maneiras de gerir um projeto desses.
Depois  de  um  tempo  conheci  a   Stephanie  (hoje minha esposa), que começou a me ajudar mesmo que no escuro fomos só nós 2 batendo cabeça indo de porta em porta buscando patrocínio, e tudo mais, e eu focado na parte de divulgação, estudando um pouco mais de criação de projetos captação, parcerias e tudo mais e assim a gente foi indo aos poucos, foi um processo muito estressante pelo fato de não termos nenhuma  influencia  em  nada,  por  sermos  pessoas “comuns” buscando fazer um evento que desde o inicio nosso foco foi a preservação do atleta seja ele profissional ou amador.

03) Pode nos contar um pouco das dificuldades para realizar esse evento?

Uma  das  maiores  dificuldades  sem  dúvidas  foi  à captação  de  investidores,  fizemos  uma  lista  de potenciais patrocinadores, montamos projetos, enviamos  dados  significativos  para  analise  e  muitos nem se quer responderam nosso email, empresas grandes do ramo esportivo nem ao menos nos mandaram um “agora não” acho que isso é o que mais desmotiva e vê que o esporte no Brasil é mais uma fachada do que um plano real de investimento.
Fizemos um balanço “pós evento” e na nossa lista fácil passa umas 50 empresas que enviamos propostas nesse tempo que foi mais ou menos uns 4 meses de captação, dessas 50 apenas 8 responderam mesmo que negativamente deram algum retorno para nós, isso sem dúvidas mostra o tamanho do amadorismo que é o Muay Thai ainda no Brasil e não só por parte do esporte em si, mais por quem está ganhando dinheiro em cima do esporte e não investindo se quer 1 real seja em um atleta, uma academia ajudando algum brasileiro a se manter na Tailândia não fazem realmente nada, apenas “mamam” no Muay Thai.
Um  das  maiores  dificuldades  também,  além  de não  contar  com  profissionalismo  de  boa  parte  das empresas, também é uma grande dificuldade ter uma responsabilidade da parte de atletas e equipes e digo isso não só pelo NAK MUAY CUP mas na maioria dos eventos. A todo o momento o tratamento que tivemos  com  as  equipes  foi  altamente  profissional, posicionando de todos os pontos pertinentes do evento e mesmo assim não obtivemos o retorno sério desejado. Talvez falte mais essa ideia de trabalho para as equipes e saia um pouco dessa cabeça de ser apenas um brincadeira. Atletas do Muay Thai precisam se ver como profissionais, ter postura de profissional, saber cuidar da imagem, terem responsabilidades de profissionais  (independente  se  ainda  são  amadores) para que então uma empresa veja um meio lucrativo de investimento naquele atleta e isso vale para as equipes e lideres. Tem que ter a noção que treino não é apenas para sair com a vitória de mais luta, mas também para ser um atleta que atrai o publico, que gera interesse de investidores, atleta com diferencial e isso é responsabilidade total da dedicação e seriedade de cada um.
Uma grande maioria diz que nunca teremos o “muay thai de verdade aqui” e de fato, isso é uma afirmação competente, por que se formos olhar como um todo nunca realmente teremos, começando pelo lado profissional,  ou  seja,  lá  Muay  Thai  é  dinheiro  tudo é dinheiro você pode fazer uma luta no sul pra 20 pessoas você vai ganhar pra isso por isso e por outras coisas  o  Muay  Thai  lá  (Tailandia)  sempre  vai  ser diferente.
O que realmente atrapalha um pouco é a cabeça de amadorismo que ainda existe no Muay Thai no Brasil, aquela gana de investir de maneira séria, de pagar bem atletas e incentivar os amadores que serão os futuros  profissionais  é  uma  maneira  de  se  trabalhar legal isso.
E  talvez  a  maior  dificuldade  e  “olhos  tortos”  que tivemos foi que como não tivemos investimentos necessários, criamos o BOLSA INCENTIVO no qual o atleta teria uma quantia de 10 ingressos e venderia a 20 reais e todo o valor da venda é destinado ao atleta amador ou seja 200 reais, isso com certeza foi algo que incomodou muita gente por que muitos eventos cobram absurdos por inscrições de atletas que as vezes nem tem condições de se locomover para o evento. A ideia inicial do evento era fazer menos lutas e se conseguíssemos cobrir o orçamento inicial do evento, essa bolsa de 200 reais seria pago em dinheiro para o atleta amador.

04) Você teve a colaboração na parte da arbitragem da AMTI, pode falar um pouco sobre isso?

A A.M.T.I é talvez a organização de arbitragem mais concreta no pais hoje, ela é uma realidade que cresce a cada dia, nossa relação foi extremamente profissional,  pagamos  e  contratamos  o  serviço  de chancela, arbitragem e ringue.
Foi uma parceria muito bem sucedida, onde eles fizeram um excelente trabalho.

05) Um dos pontos bem comentados do evento foram as boas escolhas para casar as lutas, como se deu esse processo?

Isso para nós sem dúvidas foi uma das maiores preocupações, por isso decidimos também investir seriamente, por isso, contatamos a Fight Management que é Coordenada pelo Fabaum Damásio e foi quem cuidou de todo o tratamento com os atletas, nos optamos por uma empresa que trabalhasse e entendesse do assunto e tivesse uma gama de atletas no qual poderiam ser trabalhados. Foi realmente uma parceria muito produtiva e que também foi executada com extrema competência.
Acreditamos que isso foi um passo importante por  que  todos  foram  tratados  como  profissionais, independente  se  é  amador  ou  profissional  o tratamento foi igual e isso mais nos surpreendeu com o trabalho realizado pela Fight Management eles assumiram essa parte de maneira muito boa do começo  ao  fim,  desde  o  inicio  das  contratações  dos atletas  até  o  final,  foi  realmente  um  ponto  muito positivo acredito que para todos, nós do evento para a Fight Management e para o público.

06) Sabemos que existem os “donos” do Esporte no Brasil, você recebeu alguma reclamação sobre o evento?

Isso talvez seja um assunto delicado e que a maioria se omite a dizer e aceitar isso, o Muay Thai no Brasil é essa zona, por que acredito não tem um órgão padrão que trabalhe para realmente colocar as coisas no lugar, mas não de maneira que as lhe convem, mas sim da maneira que realmente é.
O  que  acontece  é  uma  guerra  de  egos  sem  fim,  as pessoas buscam mais se auto promover do que realmente promover o esporte, na verdade isso é consequência, se você fizer um trabalho honesto irão te reconhecer pelo que faz e não pelo que você joga para que saibam quem é ou deixa de ser.
 Reclamações recebemos por outras coisas que realmente foram falhas nossas até mesmo pela imaturidade de nunca ter feito nada, criticas sempre vão ter, até mesmo dos que fingem ajudar e isso é só tirar de letra, dar um sorriso e fingir que não sabe de nada é a melhor coisa a se fazer.
E eu acho engraçado essa galera que só reclama e reclama por que a maioria não tem a coragem de  tirar  a  bunda  da  cadeira  e  fazer  algo,  ficar  ali  no facebook ou só criticando é bem fácil mas dar a cara a tapa, poucos fazem, isso é que temos que levar em consideração criticas e reclamações, são boas quando ditas por pessoas que realmente sabem o que estão falando,  agora  quando  é  do  “Arjan”  do  youtube  é melhor desconsiderar.

07) Teremos um Nak Muay Cup II ? E continuações? Uma possível disputa de cinturão?
 
Com certeza, vamos continuar batalhando para isso, nossa intenção é que o evento entre para o calendário da cidade, dessa forma receberíamos ajuda financeira da prefeitura local, assim facilitaria a realização do evento e a possibilidade de melhorias, desde a parte estrutural até a bolsa dos atletas. A nossa intenção é que aconteçam pelo menos dois por ano.

08) Quais foram os patrocinadores do evento? Como se deu o contato com eles e a recepção sobre o evento?
 
Recebemos apoio da Associação Edu Sangue Bom, que é uma associação esportiva criada por um vereador da  cidade,  esta  associação  oferece  muay  thai  entre outras atividades àqueles que por vezes não tem condições de participar de academias que cobram taxas altas. O vereador em si se dedicou a nos ajudar com a parte estrutural, contribuindo com a parte médica (ambulância, médico e enfermeiros) também através da ajuda dele que conseguimos o ginásio que é da prefeitura. Recebemos apoio de empresas de ramos totalmente diversos, mas que mesmo não conhecendo muito o esporte e apostando em algo que não tinham tanto conhecimento resolveram acreditar e inovar. Foram poucas em quantidade, mas através do apoio de cada uma que conseguimos pagar os custos que são muitos, por exemplo; aluguel de ringue, bolsa dos atletas, material gráfico, camisetas, troféus, contratação da arbitragem entre outros.
As empresas foram patrocinadoras foram; Central de  Carnes  Boi  Grande  (açougue),  JLS  Materiais para Construção, Long Beach Administradora (Administradora  de  condomínios),  O  Galpão  (Sacaria em geral para construção), Pantrigo e Saikovitch Advogados  Associados  (Escritorio  de  Advocacia)  e as empresas que nos apoiaram com suprimentos e materiais  foram;  Muay  Thai  Combat  (Equipamentos esportivos) Biovitta (suplemento e naturais).
E também tivemos o apoio talvez inédito do atleta Jeferson Vulpe que reside na Tailândia e nos enviou os shorts para as lutas profissionais, com certeza isso para nós foi uma grande honra um atleta que poderia estar apenas pensando “no dele” mas resolveu pensar diferente e ver que aqui no Brasil também precisamos de muito apoio.

09) Léo mais uma vez obrigado e deixo esse espaço para você caso queira falar mais alguma coisa.
 
Gostaria de agradecer o espaço, e parabenizar a Muay  Thai  em  Foco  pelo  trabalho  prestado  ao  Muay Thai brasileiro, com certeza um trabalho honesto que tende a crescer cada vez mais.
Também gostaria de agradecer a todos que apoiaram e apóiam o evento, aos que acreditaram nisso que entraram de cabeça, também as pessoas no qual esse tempo estive conversando, procurando aprender, pedindo auxilio.
Fabaum Damásio, Marquinhos Gibi, Roni, Cleverson (Guinho), Matheus Oliveira (soldado) Jeferson Vulpe, Juliana Rosa, André Teixeira, Léo Amendoim e Sandro de Castro e João Fernandes.
E também a uma pessoal especial que abraçou esse projeto e esteve na linha de frente literalmente e esteve indo de porta em porta atrás de patrocínio, a minha esposa Stephanie Baltazar, sem ela com certeza na disso seria possível.
E a todos, continuem acreditando nos seus sonhos, estudando  e  buscando  compreender  o  Muay  Thai, sabendo que por mais que você “ache” que saiba, fique  tranqüilo,  por  que  uma  criança  de  10  anos  na Tailândia sabe muito mais do que você, então, temos que ter a cabeça aberta para aprender e saber que estamos engatinhando e o respeito é essencial para se viver bem e principalmente guardar o ego no bolso. 

Obrigado a todos. 
 OBS: MATÉRIA RETIRADA DA REVISTA MUAY THAI EM FOCO N° 10

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

MUAY THAI PROFISSIONAL NO BRASIL: QUAIS OS DESAFIOS PARTE 1



O  que  faz  um  Esporte  ser  profissional  no  Brasil?  De forma objetiva; dinheiro.
O atleta deve se manter apenas com o Esporte em questão, ser pago para trabalhar nele, seja jogador de  futebol, peteca  ou  Muaythai,  mas  essa  simples definição cria vários problemas. Como foi reportado na edição 09, o Muaythai pode ser trabalhado em duas frentes ao mesmo tempo, o amador e o profissional, em ambas o atleta é remunerado para tal, seja salário ou bolsa atleta.
Hoje é notado que houve sim um crescimento no Esporte no Brasil, graças ou infelizmente ao MMA, a novela teen Malhação, celebridades declarando seu “amor” ao Esporte e etc. Mas o que faz um Esporte realmente crescer são eventos, possibilitar o atleta viver do Esporte, mas isso no Brasil está um pouco longe de acontecer e não está ligado a falta de atletas para competição.
Existe sim muita picaretagem e mentira no meio, o Muaythai não tem dono, mas vários insistem em dizer “Sou o único autorizado”, “Sou o único regular”, e esses mesmos entendidos não sabem a diferença entre um Muay Sok e Muay Khao. Contar até 10 em tailandês não caracteriza entender a Arte Marcial. Assim como usar a expressão japonesa “Oss”, seu professor a utiliza? Bem amigo, você não treina Muaythai.
Há eventos sérios que buscam revelar talentos como o  caso  do  Thai  Kids  (Já  apresentado  nas  páginas  da MTF), entre outros que buscam estimular os mais novos a competir. Mas para entender um pouco melhor quais os desafios de se fazer um evento profissional no Brasil, fui conversar com Marcelo Tadeu Calegari -  Diretor  Técnico  da  coordenadoria  de  Muaythai  da FEPLAM (Federação Paulista de Lutas e Artes Marciais) e Leonardo Augusto organizador do evento Nak Muay Cup.


Entrevista Marcelo Calegari - Diretor Técnico da coordenadoria de Muaythai da FEPLAM ( Federação Paulista de Lutas e Artes Marciais).


Marcelo, obrigado por ceder um pouco do seu tempo para essa matéria. Gostaria de começar a conversa perguntando sobre sua função dentro da FEPLAM, (Diretor Técnico da coordenadoria  de  Muaythai),  poderia  definir  sua função?

Marcelo: Minha função é dirigir uma coordenadoria que tem como meta pré estabelecida : organizar , implementar  e  desenvolver  a  Arte  Marcial  do  Muay Thai dentro do nosso Estado.


02) Poderia nos contar um pouco sobre a história da FEPLAM e seu trabalho com o Muaythai?
Marcelo: 2 - A Feplam é uma Federação multi disciplinar com mais de 12 anos de fundação, para cada uma das modalidades do seu quadro de atuação foi criado uma coordenadoria. A frente de cada coordenadoria está  um  profissional  com  amplo  conhecimento  e experiência na modalidade. Realizamos cursos, seminários, workshops e eventos, sempre na busca de  melhorar  as  pessoas envolvidas  no  Muay  Thai, desde os alunos , atletas e professores
.


03) Para eventos de Arte Marcial, falando específico do Muaythai, existe ainda um preconceito dos possíveis patrocinadores, ou hoje prevalece a não informação do Esporte, a constante confusão com o MMA, violência e etc?
 
Marcelo: 3 - Não faz parte da cultura do empresário brasileiro o apoio aos esportes de combate. Porém com o apoio da mídia especializada e do trabalho de pessoas  qualificadas, algumas  barreiras já estão sendo rompidas.


04)  Qual seria a maior dificuldade de se criar um circuito profissional de Muaythai no Estado de São Paulo, com disputa de título/cinturão? E não apenas eventos isolados.


Marcelo: O principal fator que impossibilita a criação de  um  circuito profissional permanente e a falta de apoio que resulta na falta de dinheiro. Estou trabalhando num projeto pessoal que conta com o apoio e network da minha amiga Marjo Couto que com certeza vai ser um ponto de partida para algo assim.


05) O X Desafio de Muaythai Profissional foi muito bem falado na redes sociais e fóruns ligados ao Esporte. levou-se quanto tempo para planeja-lo?


Marcelo: A nossa ideia era fazer deste evento a referência do nosso trabalho. Para isso começamos a debater, entre um evento e outro, a pelo menos seis meses antes de sua realização. Com 4 meses de antecedência eu já tinha no meu plano de trabalho a relação das lutas que eu gostaria de casar e suas variáveis. Comecei então os contatos. Três meses antes do evento eu já tinha as 8 lutas do card acordadas. Ficou realmente espetacular, eu mesmo não acreditava, pensava o tempo todo na reação do público quando o card fosse divulgado. Porém durante os 30 dias que antecederam o evento, dos 16 lutadores do card inicial, somente 4 permaneceram, tendo algumas lutas a troca de até 3 atletas. Foi uma epidemia de lesões. Mas mesmo assim conseguimos agradar o público e a critica.


06) O evento contou com atletas de alto nível, incluso alguns que já treinaram e lutaram na Tailândia, como Paulo Canela, Victor Hugo e Istela Nunes, além da participação de atletas de outros Estados, como foi a estruturação desse card?

 
Marcelo: A minha ideia foi montar um espetáculo que tivesse uma abrangência além do nosso Estado. Para isso, além dos atletas do Estado de São Paulo, trouxemos lutadores de outros Estados e também o atleta Vitor Hugo que, mora na Tailândia e veio especialmente para este evento. Outra preocupação que eu tive, foi divulgar a imagem da mulher como atleta de Muay Thai. Desta maneira escalei para o Main Event uma luta feminina internacional com a participação da atleta bi campeã mundial da Bravo Team, Istella Nunes.


07) Notamos também que a arbitragem do evento foi realizada com as regras do Muaythai “tradicional”, uso aspas pois consideramos o Muaythai único, mas alguns eventos utilizam regras de K1 e mix de regras que nada tem a ver com o Muaythai. Para o evento da FEPLAM houve participação e o consultoria para a parte de regras e arbitragem?


Marcelo: Este é um trabalho que venho tentando aprimorar com muito afinco. Hoje a Feplam já possui um rascunho do que seria um quadro de arbitragem ideal. Comigo nesse trabalho esta a competência do professor Ivam Batista que é o nosso coordenador de arbitragem e ninguém menos que o professor Sandro de Castro que é o maior conhecedor das regras de Muay Thai profissional no Brasil, que atua como nosso consultor.


08) Hoje o Brasil conta com ótimos nomes no esporte como Tainara Lisboa, Cosmo Alexandre, Jos Mendonça, Leonardo Monteiro entre outros que hoje moram na Tailândia e vivem do Muaythai, o que falta para esses atletas lutarem no Brasil?


Marcelo: Na verdade atletas como Tainara Lisboa, Leonardo Monteiro, entre outros , já lutaram eventos da Feplam. Porém se juntarmos hoje os eventos de Norte a Sul não há condição de mantermos esses atletas de alto nível. 

  
Marcelo, mais uma vez agradeço seu tempo e deixo esse espaço caso queira falar mais alguma coisa.
 

Marcelo: Eu que agradeço a oportunidade de divulgar o nosso trabalho e também deixo um recado para os interessados em treinar, que procurem se informar a respeito da academia e do professor para que tenham a certeza de aprender realmente Muay Thai.
OBS: MATÉRIA RETIRADA DA REVISTA MUAY THAI EM FOCO N° 10.

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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

CONHEÇA COMO CADA NAK MUAY JOGA O MUAY THAI

O que chamamos de estilos de Muay Thai?

Agradecimentos a Leonardo Augusto (Muay Thai Baixada Santista), Luiz Rico (Plaza Fight Team), Sandro de Castro (Thai Center).

O Muay thai é como um jogo, e dentro dele existem as “funções” ou características de cada ‘’jogardor’’.
Pegaremos o futebol para exemplificar:
Existe o atacante, zagueiro, o goleiro, e também dentro desses existem os atributos individuais que são por exemplo, “um atacante corre ou dribla bem, um zagueiro marca bem corpo a corpo” e por ai vai, e isso, por mais absurdo que seja, também podemos ver no Muay Thai, existem tipos e estilos de lutadores, aqueles que melhor se encaixam ou se adaptam em diferentes situações ou formas de lutar. Um mais baixo, pode se usar de força bruta, socos fortes, um mais alto pode se usar joelhos e clinche ou um lutador mediano pode ser aquele mais pensativo mais calmo que tem tempo para estudar o que fazer.
E isso muitas vezes podem acontecer, dentro dos próprios campos, lá é que são lapidados a melhor maneira que o lutador se sente confortável, na verdade muitas vezes o próprio treinador, é quem treina seu aluno de uma determinada forma, dependendo das suas características físicas, forma de pensar e reagir.
Outro  ponto  também  que  pode  se  levar  em  consideração  é  que  muitos  campos  já  seguem  uma  tradição  ou  são  formados  e conhecidos  por  criar  alunos  de  determinados  tipos  e  formas  de  lutar,  por  isso  é  importante  saber  que,  o  estilo  não  é  apenas um modo de se lutar vazio, é sim uma forma de estratégia determinada para que aquele lutador tenha um melhor desempenho considerando as suas características pessoais.
Basicamente os tipos são:
Muay Fimeu, Muay Khao, Muay nak ou muay matt, Muay bouk, Muay Pam, Muay Sok, Muay tei, Muay Sai, Muay Kwai esse são os estilos de lutadores que podemos encontrar.
Para entender melhor isso, conversamos com alguns treinadores do Brasil e reunimos informações importantes para seu entendimento, logo abaixo:






OBS: MATÉRIA RETIRADA DA REVISTA MUAY THAI EM FOCO N° 07.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O MUAY THAI TEM DONO?


Os charlatões do esporte e os mistérios que travam o desenvolvimento da arte tailandesa no Brasil. O que é lenda e o que, de fato, é verdade sobre o Muay Thai no Brasil? Porque temos tantas vozes para falar em nome do esporte? Até que ponto estas organizações ajudam a divulgar e organizar nosso esporte?
É claro que qualquer esporte deve ser regulamentado, organizado e desenvolvido, este deveria ser o papel das confederações, federações e afins. Os estados ou o Governo Federal, através de suas secretarias e órgãos ligados ao esporte, repassariam uma quantidade de dinheiro para que essas “empresas” que cuidam do esporte possam  difundi-lo cada vez mais, com a realização de campeonatos, seminários e etc.
Note que falei em empresas propositalmente, pois o que era para ser uma organização sem fins lucrativos, com o passar dos anos virou uma disputa pelo comando do esporte no Brasil.
Façamos uma analogia com o futebol, todos sabem que a famigerada CBF, órgão que manda (e desmanda) no futebol brasileiro, ajuda muito pouco na promoção do nosso futebol. A reclamação de clubes e jogadores com o calendário apertado, campos em péssimo estado e outros problemas é recorrente. 
Em matéria publicada no site do jornal Estado de S. Paulo (nota de 2010) consta que a CBF conta hoje com patrocinadores como o Grupo Pão de Açúcar, Gilette, Nestlé e Nike. O que garante por ano a confederação uma renda de R$ 220 milhões de reais. Isso sem falar nos cachês milionários que a CBF recebe com os jogos da seleção pelo
mundo. Nenhuma confederação no Brasil se compara com a poderosa CBF, mas é só para ilustrar como este pode ser um bom negócio. Sem falar na vaidade pessoal, afinal, falar que é o comandante de uma modalidade esportiva em seu país certamente mexe com o ego de muitos.
Agora te pergunto, onde está esse dinheiro? Nos campos esburacados, nos estádios horríveis, na logística de se fazer campeonatos rentáveis?
Voltemos ao Muay Thai verde e amarelo, teoricamente, quanto mais pessoas cuidando do esporte, melhor, certo? Errado!
Na prática o que vemos é a total falta de diálogo de uma entidade com a outra. Vale ressaltar que todas elas dizem ter a chancela de órgãos internacionais.
Não julgo nenhuma delas, só acho estranho tanto cuidado com o esporte ser refletido em poucos campeonatos, pouca visibilidade, enfim, com um aparato  profissional  desses,  o  esporte  não  era para estar em outro patamar?
O Muay Thai é um só, mas na prática reinventaram a arte e a multiplicaram, assim todos saem ganhando. Quem perde é o praticante da modalidade que fica perdido com tanta informação. Não sabe ao certo quem está o guiando, se seus professores realmente sabem o que estão falando e  ensinando. O Muay Thai originário da Tailândia muitas vezes é confundido com outras artes.
Todos querem falar da arte marcial tailandesa, todos querem a mídia, os holofotes, e mais do que nunca hoje – com o sucesso do UFC – o Muay Thai está em alta.
E é aí que entram vários mestres e doutores sedentos por montar academias e federações para surfarem na onda do momento.
Vá atrás do histórico do seu professor, de quem ele é quem foi, o que ele já fez pela modalidade. Falsificam o Muay Thai, desvirtua-se a filosofia e negam a história do esporte aos alunos. O resultado são mestres falsos, alunos alienados e instituições que nada acrescentam ao Muay Thai.
Porque a cada dia que passa se multiplica o número de entidades que “cuidam” desses esportes? E começa no Brasil uma movimentação para saber de quem é a “paternidade” do nosso MMA. Há nos bastidores uma disputa para saber quem assumirá o comando da entidade que definirá os rumos do Mixed Martial Arts no país.

Outra coisa a se desvendar é o fato da quase total falta de informação a respeito do VERDADEIRO MuayThai nas academias. 
Digo da modalidade autêntica. Nada contra o K-1, Kickboxing, Full Contact, admiro todas elas. Toda arte marcial tem seu valor.
Mas fato é que poucas academias ensinam o que hoje é o Muay Thai.
Experimente trocar uma ideia com pessoas do meio sobre as tradições do esporte, a filosofia, ou algo assim, e se prepare para ouvir enrolações e informações deturpadas.
É como se você jogasse rugby e achasse que estava jogando futebol americano. São parecidos, porém tem enormes diferenças, que precisam e devem ser valorizadas e respeitadas.
Meu primeiro contato com o Muay Thai foi em 2003, comecei a treinar e a estudar mais a fundo o esporte e a cultura tailandesa. E descobri que muito do que ouvi de professores e pessoas ligadas ao esporte eram informações equivocadas.
E não vou cair na ignorância de falar que para ser um professor tem que obrigatoriamente conhecer e visitar o país de origem de um esporte, ou ser o mestre dos mestres, nada disso. Mas ao menos saber informações básicas da história do esporte, e um pouco, um pouquinho da história dele.
Durante minha peregrinação por academias da minha cidade vi gente dando aula com faixa amarrada na cintura, gente dando paulada na canela para “acostumar” a canela ao impacto, grãos mestres instantâneos e outras bizarrices.
Ao que parece muitas academias não ligam para isso, socializam a ideia de que o Muay thai, Karatê, Kickboxing, são a mesma coisa.
Toda e qualquer arte deve ser amplamente difundida, valorizada e respeitada. Nenhuma arte marcial é melhor que a outra, porém cada uma tem suas tradições e valores específicos. Não se pode vender Muay Thai e entregar Karatê ou vice versa.
Para aonde vai o Muay thai brasileiro, o que quer o Muay Thai brasileiro – O esporte serve apenas de ponte para o MMA? Basta saber meia dúzia de chutes e socos e pronto! Está formado um lutador de MMA que veio do Muay Thai?
Existe uma massificação do MMA às cegas, muitas vezes o aluno não tem noções básicas de Muay Thai, luta de solo, de disciplina... De nada! Culpa do professor, que esquece que o ambiente da academia é o espaço para se formar pessoas de caráter, difundir entre seus alunos (as) conceitos
como disciplina e respeito ao próximo, e depois, bem depois disso, se este aluno se enquadrar no perfil e contar com talento para lutar MMA, aí sim, inserí-lo  na  modalidade.  MMA  profissional  é  esporte sim! Mas de alto rendimento e para atletas de alto rendimento.
Voltando ao nosso Muay Thai: Sempre ficarei com a concepção de que o diálogo entre partes discordantes é a melhor opção para se chegar a um denominador comum. Mas, com tantas entidades, vozes e poderes, esse denominador comum não seja, de fato, o que alguns querem.


Por Lucas Nasser
Jornalista. 

OBS: MATÉRIA RETIRADA DA REVISTA MUAY THAI EM FOCO N° 05.

domingo, 8 de janeiro de 2017

O CORTE DE PESO E SUA CATEGORIA



MMA Antigamente, na época do Vale-Tudo, lutava-se sem um limite de tempo e de peso previamente estipulados. Quem não se lembra das primeiras edições do UFC, onde lutadores faziam combates que duravam até 40 minutos, sem falar na discrepância de peso entre eles. Atletas de 70 kg enfrentando adversários já com três dígitos na balança era comum nos primórdios do que é hoje o MMA.
Com a evolução natural do esporte veio a necessidade de separar a luta por rounds e estipular um tempo para eles e, além disso, criar categorias de peso para os atletas. Era o início de uma modernização do esporte e adequação do MMA a regras mais humanas. Mas ainda hoje há, na minha visão, falhas que precisam ser analisadas para se preservar o espetáculo. Quantas vezes você já ouviu falar em lutadores que perdem ou ganham peso para lutar em uma determinada categoria? Essa prática de ganho ou perda de peso acontece no Judô, no Boxe e em vários outros esportes, porém a prática é muitas vezes condenável.
Até se admite um lutador perder dois, três, até quatro quilinhos para se enquadrar em uma categoria em que queira lutar. Mas perder 10, 12, 15 quilos em um prazo de 24 horas para lutar é desumano. Não precisa ser nenhum expert em educação física ou fisiologia para saber que essa
prática é insana. Infelizmente esta prática é comum.
Até onde vai a responsabilidade do atleta, da equipe, do treinador e, principalmente, da organização de um evento que permite isso. Lembrando que a prática não é imposta por nenhum evento. A responsabilidade do ato é de inteira responsabilidade do atleta e seu staff.
No dia 26 de setembro o atleta de MMA da equipe Nova União, Leandro Feijão, morreu subitamente logo após uma série de atividades para perda de peso. Logo surgiram hipóteses ligando a morte do rapaz a práticas “milagrosas” de perda de peso.
Leandro morreu vítima de um acidente vascular cerebral. O Lutador teve o AVC minutos depois de uma atividade física desgastante. O que causou o derrame cerebral em Leandro foi a maratona de exercícios a que teve que passar para se adequar ao peso ideal? Não sei. O que sei é que, infelizmente, mais uma vez alguém tem que morrer para que o debate acerca de um assunto venha a tona. Os órgãos competentes, equipes e lutadores teriam que se unir para que esses métodos sejam revistos a fim de segurar, além de um bom evento, principalmente a boa saúde dos atletas. Já houve casos em que um atleta perdeu 15 quilos em um dia para lutar. Isso é surreal. Sempre fui defensor de atletas se pesarem apenas no dia do combate, e não um dia antes, como é feito. Isso ajudaria, e muito, a evitar esse tipo de coisa. Nós, jornalistas esportivos, os atletas, treinadores e dirigentes do MMA, Muay Thai e demais lutas deveríamos debater mais sobre isso. Pois procedimentos como esses feitos para emagrecer a todo custo nada tem a ver com saúde. A saúde dos atletas deverá sempre ser prioridade.


Por Lucas Nasser

OBS: Matéria retirada da Revista Muay Thai em foco N° 05.

sábado, 7 de janeiro de 2017

A IMPORTÂNCIA DA CORRIDA NO MUAY THAI


Na verdade em minhas aventuras em busca de conhecer e aprender o verdadeiro Muay Thai, descobri em minhas conversas que nenhum lutador ou ex-lutador gosta de correr, mais  entende a importância da corrida para lutar. Para vocês terem uma ideia dependendo do Campo o NAK MUAY (Lutador) corre no período de treinamento para lutar em média 300 km na sua  preparação, se eu não me  engano é quase um  treino para Maratonistas. Mas tem um, porém, o corredor não vai bater 50 minutos de aparadores, nem fazer rounds de saco de pancada e nem tão pouco fazer 70 minutos de clinche dividido em dois períodos. E sobre o PREGUIÇOSO esse tipo tem em todos os lugares, aqui  mesmo tinha Campeão que dormia no banco da Praia depois cortava caminho, lá na Tailândia o cara se esconde em matagal, pega carona em carro pra terminar a volta logo, outros não acordam cedo pra correr e quando acorda se  molha pra dizer que está suado. Só que existem Campeões aqueles que não gostam de perder que não param e nem tão pouco conversa na corrida, supera todo o período de treinamento que não é mole não, e outra sem abrir o bico sem contar a perda de peso que vai ser outro tópico discutido na revista em breve.
Lembro-me do Arjarn Pailotnoi contando suas histórias de quando lutava, são varias que não dá pra escrever aqui sobre os treinamentos, uma coisa ele falava; sempre se você não corre você não luta Muay Thai! Dificilmente um lutador de Muay Thai vai morrer no gás em um Combate, pois morrer no gás é uma vergonha, porque tem tempo pra treinar, e 300 km não vai morrer em 15 minutos de luta descansando 2 minutos!! Ele falava que com a corrida suas pernas ficam mais leves pra chutar e se você não chuta tem
que ser bom em outras coisas mesmo assim, tem que ter gás, se você não tiver gás (ou você mata ou você morre) e ele ainda falava porque um lutador de boxe tem que correr se ele vai usar as mãos; pense. Vamos à dica do tópico, se você quer ser lutador profissional de Muay Thai e um dia ir pra Tailândia, treinar e lutar compre um tênis e corra, mais corra mesmo tipo São Silvestre, caso contrário vai sofrer com suas Panturrilhas até se adaptar.


Por Sandro de Castro

OBS: MATÉRIA RETIRADA DA REVISTA MUAY THAI EM FOCO N° 01 

TEASER MUAY THAI 8 ARMAS TV 2017

NOVIDADES EM BREVE. AGUARDEM!
 

POR QUE NÃO DEVEMOS FALAR "OSS!" NO MUAY THAI



Infelizmente a falta de informação aliada a pessoas sem qualificação gera o falso entendimento. Ao contrário do atual senso comum a expressão “OSS” não é válida para a Arte Marcial como um todo.
A expressão tem sua origem japonesa, sua transcrição correta é “OSU”, acima você vê os caracteres que forma a expressão, o primeiro caractere significa “pressionar”, o segundo significa “suportar”. OSS jamais deve ser dito de forma relaxada, usando apenas a garganta, mas, como tudo, ele expressa respeito, simpatia e confiança no colega, também diz ao Sensei que as instruções foram compreendidas, e que o estudante irá fazer o melhor para segui-las.
A criação da expressão é creditada a Escola Naval Japonesa para expressar “sim”, “por favor”, “obrigado”, “desculpe-me” e etc. Seu uso é muito comum e importante na prática da Arte Marcial Japonesa, ela implica em pressionar a si mesmo
ao limite de sua capacidade e ainda sim suportar. De maneira simples podemos entender a expressão como, “perseverança sob pressão”. É uma palavra que por si só resume a filosofia da Arte Marcial Japonesa.
Agora chegamos ao ponto importante dessa matéria, no Muay Thai tal expressão não existe por um simples detalhe, o Muay Thai é Tailandês e não Japonês; são culturas e línguas bem diferentes, um tailandês não entenderá a expressão “OSS”. Alguns poderão argumentar que é válido
seu simbolismo, mas esse argumento é raso, em alguns países o brinde feito com champanhe é considerado ofensivo devido a eventos da Segunda Guerra Mundial, portanto o simbolismo do brinde não é válido.
O Muay Thai não se limita a uma luta ou esporte de contato, é uma cultura milenar com tradição, respeitar esses aspectos lhe faz um Nak Muay (lutador/ praticante de Muay Thai).
Sendo assim, para o Muay Thai a forma respeitosa de cumprimento é “Sawadee Krap” para homens e “Sawadee Kaa” para mulheres. Devemos lembrar que a grafia da palavra pode variar devido aos caracteres da língua tailandesa não serem 100% traduzíveis para o português. Se você pratica Muay Thai, respeite sua cultura e tradição, use  corretamente sua língua e expressões, somente assim vamos alcançar a qualidade que desejamos.
Sawadee Krap.


Por Tiago Simão 

0BS: MATÉRIA RETIRADA DA REVISTA MUAY THAI EM FOCO N° 03.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

A ORIGEM DO MUAY THAI PARTE 3

Período Ratanakosin (1782 até o momento)
 
Na segunda metade do século XX o Muay Thai teve um impulso considerável tornando-se o esporte nacional da Tailândia. O Muay Thai foi uma disciplina escolar até 1920, tendo sido eliminada do programa escolar devido às múltiplas lesões que provocava, na época não era utilizando nenhum tipo de proteção. Foi por volta de 1930, que foi definido um conjunto base de regras/regulamentos similares ao boxe ocidental. Foram formadas categorias de peso e os lutadores passaram a ter um equipamento de proteção apropriado, além de um ringue.
Entretanto, algumas particularidades do ancestral boxe tailandês permaneceram, como por exemplo a participação de um conjunto musical com antigos instrumentos que tocam a conhecida música Pi Muay. Transmitindo ritmo ao combate, os músicos aceleram ou diminuem o ritmo da sua música conforme a eficácia dos lutadores. Este conjunto é constituído por três tipos de tambores, címbalos e flautas (Pi Java).

Outra tradição mantida é o uso do Wai Kru, uma dança ritualista com o propósito de homenagear o treinador, os seus pais, a sua escola de muay thai, os antigos lutadores do seu ginásio e os professores do mesmo. Outra tradição que é mantida nesta antiga arte marcial é o uso do Mongkon e da praciat/Kruang/Prajied, além do Phuang Malai. (todos esses costumes serão explicados nas próximas edições).

Não existe consenso entre pesquisadores sobre a história que lutadores usavam cola e cacos de vidro fixados nas bandagens de algodão para lutar, como reportado em alguns artigos e até no filme “Kickboxer, o desafio do dragão (1989)” com o ator Van Damme que lutava contra o lutador de Muay Thai Tong Po (Michel Qissi).

Porém é confirmado que cascas de coco eram usadas como protetores genitais. As velhas regras do muay thai consistiam na simples proibição de golpear a virilha, arrancar os olhos, bater no oponente caído ou puxar os cabelos. A cronometragem do tempo consistia na utilização de uma metade da casca de um coco, com um furo central. A mesma era colocada em água, sendo que, quando a sua total submersão, era tocado um tambor ditando o início do intervalo de tempo e o fim do round, porém não havia muita precisão, sendo assim os rounds variam um pouco seu tempo de duração.
Adicionalmente, em 1955 foi transmitido na TV a primeira luta de Muay Thai, que teve lugar no estádio Rajadamnern. Devido ao sucesso do Muay Thai como esporte, houve uma demanda de lutadores a testar as suas habilidades contra praticantes de outras artes. Assim, em 1959 tiveram lugar muitas lutas com artistas marciais com diferentes backgrounds e lutadores de Muay Thai. Os chutes dos lutadores tailandeses revelaram-se algo com os quais os outros artistas marciais não conseguiam lidar, e muito menos suportar. Assim, os Nak Muays saíram, invariavelmente, vencedores destes desafios.
Hoje o Muay Thai começa uma nova fase, sua popularidade só aumenta, a procura por campos de treinos e a promoção de lutadores em outros países como França, Holanda e USA, divulgam o esporte e aumentam os incentivos e patrocínios.
Eventos como Best Of Siam, Thai Fight, Max Muay Thai ajudam a desmistificar o esporte e impulsionar sua prática.
 OBS: TEXTO RETIRADO DA REVISTA MUAY THAI EM FOCO N° 3

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A ORIGEM DO MUAY THAI PARTE 2

Período Thonburi (1767-1782)
Neste período o Muay Thai passa a ser naturalmente o esporte preferido do povo mesmo em tempos de paz. Nesta época, cada aldeia organizava combates e tinha os seus próprios campeões. Os lutadores que competiam uns com os outros combinavam previamente quais seriam as regras pelas quais se regia a luta, na época não havia nenhum conjunto de regra ou peso determinado. O momento mais marcante deste período foi a história de Nai Khanom Thom.
O nome de Nai Khanom Thom é conhecido por todos os tailandeses e a sua figura estilizada é o símbolo da Federação Internacional de Muay Thai (I.M.T.A). Em 1774 Nai Khanom Thom era um prisioneiro de guerra dos birmaneses, capturado durante o saque à antiga capital da Tailândia, Ayudhaya. Durante uma viagem do Rei birmanês, Mangra, que se tinha deslocado a Rangún para presidir uma cerimônia religiosa cruzou-se com um torneio de artes marciais. Os birmaneses tinham, e têm, uma forma de luta própria, relativamente semelhante ao Muay Thai, chamada Parma. O Parma caracteriza-se por não fazer uso de qualquer proteção. Nem luvas, nem protetor bocal, nem coquilha, e baseia-se sobretudo nos punhos como instrumento ofensivo. O Rei Mangra, um adepto de luta, quis avaliar a fama dos tailandeses e mandou chamar o melhor lutador Thai que se encontrava prisioneiro para enfrentar a elite dos seus pugilistas.
Representação de Nai Khanom Thom

Nai Khanom Thom foi a escolha entre os prisioneiros tailandeses. Tratava-se de uma luta de morte e a área de luta era delimitada por um cerco de militares birmaneses. Nai Khanom Thom enfrentou os campeões birmaneses, sem pausa, um atrás do outro e venceu-os todos. Os dez melhores do reino birmanês. O Rei Mangra ficou fascinado com o lutador Thai e concedeu-lhe a liberdade. Assim, Nai Khanom Thom voltou à sua pátria onde foi recebido como um herói. Este lutador ilustra os atributos do Muay Thai, uma vontade de vencer implacável, técnica mortal e habilidade adquirida através de longos anos de treino duro ao serviço da lealdade e honra. Desde então, todos os dias 17 de Março, os membros da comunidade Muay Thai homenageiam Nai Khanom Thom. Este é o dia nacional do Muay Thai, dia em que se presta homenagem a todos os envolvidos no Muay Thai tanto no presente como no passado.
Depois da Birmânia ter tomado Ayudhaya, o Rei tailandês reuniu o máximo de guerreiros tailandeses que conseguiu para proteger o país e a família real de futuras invasões. O treino do Muay Thai continuou a acontecer como no passado, mas algumas coisas começaram a mudar. Devido  à forma como as batalhas começaram a ser travadas, o Muay Thai começou a ser usado cada vez menos em combate. Em vez disso, o Muay Thai começou a estar cada vez mais presente nas celebrações dos templos e durante os festivais de passagem de ano. Foi também nesta altura que o Muay Thai começou a ganhar estrutura. Os assaltos foram introduzidos, o ringue começou a tomar forma (cordas eram amarradas sob a forma de um quadrado), e os lutadores começaram a usar proteção para as mãos. No entanto, houveram problemas com os métodos para cronometrar o tempo dos assaltos. Cascas de coco eram furadas e colocada água dentro das mesmas, quando elas esvaziassem o assalto terminava. Obviamente, a duração do assalto nunca era a mesma. Além disso não havia um número definido de assaltos. Os lutadores lutavam até que um deles desistisse.

Mas, já começa nesse período a transformação do Muay Thai para um Arte com regras e limites mais estabelecidos.
 OBS: TEXTO RETIRADO DA REVISTA MUAY THAI EM FOCO N° 2

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A ORIGEM DO MUAY THAI PARTE 1


As origens do Muay Thai não são totalmente conhecidas devido às invasões da Birmânia e consequente pilhagem de templos. Porém a existência de alguns documentos históricos fornece-nos uma visão que permite estabelecer o crescimento e transformação do Muay Thai ao longo dos últimos 700/800 anos.
Podemos afirmar que houve quatro grandes períodos que contribuíram para a definição do Muay Thai como o conhecemos hoje. O período Sukhothai,
Ayudhaya, o período Thonburi e o período Ratanakosin.

Período Sukhothai (1238-1375) e Ayudhaya (1350-1767)

  Os guerreiros de Sukhothai, apesar de em notável inferioridade numérica, conseguiram no Ano de 1238 (anos budistas), conquistar uma grande província; Khmer (que detinham o império mais forte e rico do sudoeste asiático), muito próximo da atual Sukhothai. Foi aí que se estabeleceu o primeiro reino oficial de Sião, sob o governo do Rei Ramkhamhaeng. O nome dado ao território foi Muang Thai, “terra dos Thai” ou “terra dos homens livres”. Nome que os tailandeses ainda hoje usam para definir a sua nação. Em 1350 os estados do norte de Sião e Laos uniram-se, sob a dinastia do Príncipe Uthong Ayudhaya, esta durou cerca de 400 anos. Para assegurar a sobrevivência deste estado recém criado, os melhores guerreiros reuniram-se para codificar e registrar de forma coerente e organizada as técnicas de luta com e sem armas que durante séculos haviam sido utilizadas por guerreiros Thai e transmitidas numa linha de pai para filho. Assim, redigiu-se um verdadeiro manual de treino para combate, o Chuppasart. Este se converteu no texto oficial para todos os guerreiros de Sião. Sendo que este manual representou uma espécie de revolução do conhecimento marcial, modificando por completo a relação precedente de mestre discípulo. Com o Chuppasart houve um ensino coletivo e público das técnicas de combate. Disponíveis para todos e sem segredos, ou melhor, disponíveis apenas para guerreiros Thai e completamente vedadas a estrangeiros. Esta abertura e disponibilidade de conhecimento têm mantido as artes marciais tailandesas atualizadas e efetivas até aos dias de hoje. A primeira inovação introduzida no Chuppasart foi a inteira separação entre a luta sem armas (Muay Thai) e a luta armada (Krabi Krabong). Esta separação deu-se sob o reinado do Príncipe Negro (Naresuan), em meados do século XVI. Até então as artes de guerra Thai incorporavam o uso de armas (espadas, lanças, punhais, paus, técnicas de mãos nuas executadas com todas as partes de corpo e clinch). Uma vez que o Príncipe Naresuan passou a sua juventude como prisioneiro em Burma, e aí estudou rigorosamente a arte da guerra, quis separar por completo a luta armada da luta sem armas considerando que a única arma que estava sempre disponível ao guerreiro era o seu próprio corpo. Em liberdade e de volta a Sião, o Príncipe quis adicionar a sua experiência ao ensino da arte do combate. Para eliminar os danos provocados pelos métodos de treino desapropriados (feridas e mortes), promoveu exercícios sem armas. Introduzindo técnicas de golpes ou defesas oriundas da prática armada na luta de mãos vazias.
Paralelamente, organizou torneios de Muay Thai com dimensão considerável e foi no seu reinado que o povo Thai passou a ser apelidado da “raça com oito braços” (devido à utilização de punhos, pés, joelhos e cotovelos). Devido às constantes ameaças de invasões inimigas, praticamente todos os homens, jovens e adultos, aprenderam e refinaram a arte do Muay Thai. Inclusive membros da família real. Durante esta época a arte era transmitida por monges que a ensinavam em templos localizados em vilas locais. Além disso, mesmo quando a ameaça de guerra não estava presente as pessoas de Sukhothai continuaram a refinar as suas técnicas. Quando havia acontecimentos festivos, em templos ou propriedades da realeza, o Muay Thai era o coração das atividades. Foi nesta altura que começou a ser dada recompensa monetária aos lutadores. No entanto, não era cobrado qualquer valor para assistir às lutas e as apostas ainda não tinham sido introduzidas.
A família real teve sempre um peso muito grande no desenvolvimento do Muay Thai, daí o mesmo se chamar, também, “a arte do Rei”. O Rei mais famoso entre todos os que combatiam foi Phra Buddha Chaos Sua, apelidado de Rei Tigre pela sua força e agressividade como lutador. Segundo a lenda, este adorava de tal forma o combate que viajava recorrentemente de forma incógnita para desafiar os campeões locais de outros campos, os quais derrotavam de forma regular. Sendo que este Rei fundou pessoalmente múltiplos campos de treino por toda a nação. No entanto, as regras neste tempo ainda eram profundamente distintas das atuais. Eram permitidos estrangulamentos e golpes baixos e as técnicas de pugilismo ocidental ainda não estavam desenvolvidas, tendo sido introduzidas muito mais tarde.
Rei Naresuan
OBS: TEXTO RETIRADO DA REVISTA MUAY THAI EM FOCO N° 01

domingo, 1 de janeiro de 2017

A MANIPULAÇÃO DAS ENTIDADES DE MUAY THAI SOBRE OS PRATICANTES NO BRASIL

O Canal mais um Round fez uma explanação sobre a realidade da manipulação da maioria das entidades que dizem difundir o Muay Thai no Brasil, veja o vídeo e deixe sua opinião.